Sabe aqueles círculos misteriosos que vira e mexe aparecem em plantações mundo afora? Como você sabe, eles surgem de uma hora para outra e muita gente jura de pés juntos que são obras de seres alienígenas que vêm ao nosso planeta em visitas periódicas — e mostrariam os locais utilizados pelos extraterrestres como campo de pouso de suas naves. Veja um exemplo típico desses círculos a seguir:
Incrível, não é mesmo?

Nasce um fenômeno

Relatos históricos apontam que os enigmáticos círculos aparecem por aí não é de hoje, tanto que um dos primeiros incidentes documentados ocorreu na Inglaterra em 1678 e acabou sendo atribuído a uma criatura lendária chamada “Demônio Ceifador”. Já a ligação entre as intrigantes formações e os viajantes intergalácticos só foi acontecer séculos mais tarde, em 1966, quando um desses círculos foi descoberto em uma fazenda na Austrália.
Olha o "Demônio Ceifador" aí!

Na época, o dono da propriedade garantiu às autoridades que o círculo havia sido produzido por um disco voador — e, como você pode imaginar, a história virou manchete no mundo. Investigações posteriores apontaram que a formação provavelmente era resultado de um fenômeno natural, como um redemoinho ou uma tromba d’água, por exemplo, mas já era tarde demais, pois a conexão entre os misteriosos padrões e os aliens já estava criada.

Confissão

Em meados dos anos 70, os círculos começaram a pipocar pelo interior da Inglaterra, no início mostrando padrões bem simples. Os desenhos foram aumentando em complexidade gradativamente ao longo dos anos e, nos anos 90, eles se transformaram em um verdadeiro fenômeno, com mais de 500 incidentes registrados e atribuídos aos extraterrestres!
Os desenhos foram se tornando cada vez mais complexoso
Então, em 1991, a dupla de ingleses Doug Bower e Dave Chorley veio a público e confessou que vinha produzindo círculos em plantações britânicas desde 1976. Esses caras costumavam se encontrar todas as sextas em um pub para beber e jogar conversa fora, até que, um dia, inspirados no caso do fazendeiro australiano (e após tomar umas cervejas demais), eles tiveram a ideia de sair criando padrões pelo país e se divertir com o resultado.
Segundo a dupla, eles geralmente produziam os círculos às sextas depois de sair do pub, e o combinado era que eles levariam seu segredinho maroto à cova. Os dois se divertiram um bocado criando as formações — e com as notícias de que elas eram evidências que a Terra era visitada constantemente por extraterrestres.
Bower e Chorley explicando nos jormais como criavam os padrões
Logo que os círculos começaram a estampar as manchetes, vários especialistas foram chamados pela mídia para explicar o fenômeno e, além de serem consideradas obras alienígenas, as formações também chegaram a ser atribuídas a entidades sobrenaturais, fantasmas, espíritos enfurecidos com a humanidade e até à ira de Deus!
Tudo não passou de uma ideia inspirada em uma história interessante e motivada por umas cervejas demais
É claro que os ingleses riram muito de tudo isso — e teriam continuado rindo se não fosse pela esposa de Bower, que começou a checar a quilometragem do carro do marido e a desconfiar que ele estava tendo um caso amoroso.

Legado

Os ingleses contaram que começaram a fazer os círculos um pouco depois de essas formações se tornarem uma febre no mundo e escolheram uma região na Inglaterra notória pela suposta atividade OVNI para criar os primeiros. Segundo revelaram, eles usavam uma estaca de madeira para marcar o centro do círculo, uma corda para obter o raio e uma tábua para achatar a plantação — e inclusive fizeram diversas demonstrações públicas de como os padrões eram produzidos.
Bower e Chorley durante uma de suas demonstrações públicas
Com a confissão, a mídia deu o mistério como solucionado, e vários grupos (de terráqueos!) que se dedicam a criar desenhos em campos surgiram pelo mundo. Infelizmente, Chorley acabou falecendo em 1996, enquanto Bower decidiu continuar com suas criações até o ano de 2004 — e até hoje persiste a associação dos intrigantes círculos e a suposta atividade alienígena no nosso planeta.